Era bom ficar só
Libertador e tinha muito de mim
Às vezes, era demais de mim, até
Um oceano inteiro de tudo o que sou
Eu em todos os cantos, no infinito espaço que posso ocupar e, creia, sempre fui espaçosa
Mas apesar de não ter barulho, tinha medo
E silêncio… porque silêncio era tudo de que precisava naquele momento
Agora tem barulho. Tem gente. Tem tudo de que fugi uma vida toda.
Tem mãe, com todas as dores e delícias que isso possa representar
Tem adolescência de volta porém sem todas aquelas inseguranças
Tem amigos, risadas, fotos impublicáveis
Tem eu, toda segura, fazendo tudo o que temia
Sabe o carro manual? Tô dirigindo. E muito.
Perdendo a frescura, comendo cachorro-quente de rua e tomando até rum quente
Tem eu me reencontrando e aprendendo a lidar com pessoas
Teu eu aqui, em pé, de peito aberto, abraçando o que vier porque, de agora em diante, nada me derruba
Tem os boys (ah, os boys!), de um jeito que não desconcerta nem distrai, que passa, uma travessura sem importância
Não tem a sacada com o mar nem inúmeras garrafas de vinho chileno derrubadas em taças de cristal
Tem cerveja barata servida em copo de plástico em bar bem mais ou menos
e, surpreendentemente, “tá bom pacas”
Estou muito bem acompanhada
E feliz por nada
Tem eu aqui descobrindo que dá pra ser eu, inteira, tudo de mim, mesmo entre outros
Felicidade não é uma sorte, é escolha
E quando a escolhi, ficou fácil me levantar.