Crônicas do Quotidiano

O amor é o meu tema. Aqui você encontra Poesia, textos sobre a vida, textos de amor, frases bonitas, declarações de amor

Reta final — março 8, 2021

Reta final

formatura:

As minhas marcas, a partir de agora, eu escolho. Minha primeira tatuagem fará aniversário no próximo mês, junto comigo. Lembro que foram anos de uma argumentação exaustiva para convencer minha mãe a assinar a famigerada autorização [na época eu era menor de idade]. Meu melhor argumento, indubitavelmente, foi uma comparação entre as marcas de dentro e as de fora.

Carregamos cicatrizes pela vida afora que jamais escolhemos carregar, sejam elas feitas por alguém que descontou as frustrações em cima de você, de outro que partiu quando você mais precisava que ficasse, um namorado que te traiu, uma amizade dissolvida por bobagem, um sonho desfeito, um laço que se rompeu ou por alguém que a vida [ou a morte] levou muito depressa e faz falta todos os dias.

Então, quando se olha para dentro, lá estão os sulcos profundos, aparentes, visíveis com clareza, muitas vezes, até perceptíveis para quem está em volta. Está lá a dor vivida estampada, bordada em neon, embora já cicatrizada, e não foi dado nem o direito de escolher a cor, a forma ou a textura da marca. Não houve um álbum de opções das figuras a serem levadas por dentro para sempre, nem opção de profissional a encravá-las em nossas entranhas, apenas aconteceram, apenas te cortaram, te furaram, te riscaram. E, na maioria das vezes, nem teve pomada para te ajudar com a reconstrução.

Contudo, eu querendo ou não, elas estão ali, e não há roupa ou maquiagem que as escondam, e como dessa vida, ninguém sai ileso, São as minhas marcas, as minhas reentrâncias, minha falta de simetria.

Lembro que nessa conversa, arrastada por anos, lá vinha minha mãe dizer: – “Tu vai te arrepender depois!” E ela tinha razão, eu poderia mesmo me arrepender, porém se acontecesse, teria de aprender a conviver com essa tatuagem como aprendi a conviver com as outras marcas, aquelas que vocês não estão vendo [ou estão]. Porque, pelo menos, essa eu teria escolhido, seria feita com o meu consentimento e desejada em algum momento, não uma mera aceitação.

Sempre desprezei a ideia de aceitar as imposições da vida. Fui criança teimosa, adolescente rebelde e, finalmente, adulta independente – não se enganem, sigo me debatendo e me rebelando. Eu escolho minha rota, batendo o pé se for preciso. Torta, torta sim, porque os atalhos e as curvas são para quem consegue se perder para se encontrar. E para decorar minha viagem, levo as minhas marcas tatuadas, umas borradas, outras mal cicatrizadas e até aquelas já quase apagadas. Trago comigo as marcas de dentro e as de fora, convivo com as escondidas, mas -tal qual um estandarte- escolho as visíveis, porque independentemente do que se carrega, meus caros, a vida sempre segue.

Impotência — julho 21, 2020

Impotência

A mulher das palavras se sente absolutamente vazia delas

presa entre paredes, silêncios e ignorâncias

Sente raiva, impotência

Ou não sente.

Um limbo

intelectual

emocional

amor sem palavras

sem distância

uma saudade do que vem depois

quando tudo acabar

Medos calados, teatralizados em atividades mecânicas

Um costume que corta sem mover

Vontades que não se realizam

Palavras que não podem

Sentimentos que não podem

caminhos que não podem

Fogo que só decora e não queima

Sobreviveremos ao vírus

sobrará algo de mim?

nosso jeito — julho 12, 2018

nosso jeito

Ele chegou tirando meu salto e baixando minha guarda

Me abraça quando a verdade me dói nos ossos

Outros tiraram a minha roupa, ele tirou minha armadura

Ele me ensina todos os dias que amor tem mais a ver com beijos no portão que com atos excêntricos

Ele tem pelos ruivos na barba, um nariz com personalidade e um senso de humor tão especial que embarca em cada uma das minhas cafonices

É meu chicote divino e minha bênção, me convence até a discutir relacionamento.

Me faz dormir com cafuné na cabeça e me beija onde jamais fui beijada

Ele me tira de dentro de mim e me recomeça, deixando as suas marcas

Pega na minha mão e não tenta decidir meu caminho, me acompanha enquanto a gente está andando junto

Ele é a própria crônica do quotidiano. E eu, que queria tanto um amor de parar o trânsito, encontrei um que me faz seguir o fluxo do normal e do conhecido. Encontrei o amor diário, de dormir e acordar junto, fazer café e dar beijo de bom-dia, boa-sorte, boa aula, boa viagem.

E o amor veio rápido, forte, contumaz. Veio e ficou. Quotidianamente. Como se sempre tivesse estado aqui.

 

 

 

Fiz uma prece por você — novembro 29, 2017

Fiz uma prece por você

tatuagem-de-casalA vida fez o que faz melhor: seguiu. Hoje vi teu ensaio de casamento, há meses eu não podia imaginar qual seria minha reação quando chegasse esse momento. Sim, eu sabia, no fundo, que ele chegaria.

Fiquei parada tentando entender meus sentimentos: não havia raiva, nem choque, nem a sensação de que você me devesse algo. Estava tudo no seu lugar e aquilo que eu sentia era felicidade porque não me abalava mais. Fechei os olhos, lembrei do teu sorriso e fiz uma prece por você, por vocês. Te desejei toda a felicidade real que você sempre quis, desejei que você tenha se encontrado antes de encontrá-la e que sejam parceiros de toda a vida que ainda há pela frente.

Uma noiva sempre é bonita, mesmo quando não é jovem, tem um ar de felicidade incontida que faz dela deslumbrante, achava isso impossível até vê-los; é uma noiva, uma bela noiva, tem aura de noiva, como, apesar de todo o rito, eu nunca tive com você. Parabéns pelas bodas, desejo, de todo o meu coração, que seja real, que você seja feliz como sou agora e consiga ser apenas você: sem apêndices, sem mentiras nem angústia. Eu lhes desejo a verdade e toda a  leveza que ela traz.

Fiz uma prece por vocês e um agradecimento por mim. Obrigada porque tudo deu errado, porque aconteceram coisas maravilhosas quando tive de me refazer. Obrigada por juntar toda a tua confusão à minha e fazê-las tão grandes unidas que explodiram em milhões de cacos de nós mesmos. Naquele momento, éramos iguais, perdidos e incompletos, não há culpados nem necessidade de perdão.

Obrigada porque tentamos [do jeito mais torto possível], demorou para eu entender -ou admitir- que não fui uma vítima, tua covardia era tão grande quanto a minha e ninguém tem culpa se mascarávamos nossa própria insatisfação. Explodir-nos foi a forma que a vida encontrou de nos desnudar das máscaras. Foi necessário. Eu também menti, e muito, pra você, pra mim, pra todos.

Hoje, lido com a verdade, eis uma bênção dolorida de ser aceita mas absolutamente libertadora.  Abençoo o teu caminho daqui pra frente como abençoo o meu, nós merecemos. Seja feliz no seu destino, já que fomos a travessia [excruciante e essencial] para ambos, e agora tudo está onde deveria. Voilà! Final feliz para nós dois.

Para a minha Leoa — outubro 9, 2017

Para a minha Leoa

Tô com saudade da tua forçatatuagem de leao
De conversar por horas sem precisar detalhar nada pois tudo entendemos, tudo sabemos uma da outra
Saudade do jeito que nos enxergamos
Da força que me dá quando me lembra quem eu sou, quando me reconta a minha própria história
Saudade do que vê em mim quando eu esqueço
Saudade de te olhar, ouvir três palavras e saber, no fundo, e com certeza inabalável, que tudo há de dar certo
Como já disse, se eu matasse alguém, seria você que chamaria para esconder o corpo comigo, tamanha a nossa cumplicidade

Cúmplices de uma vida inteira. Diferentes e iguais
Tem coisas que acontecem para nos convencerem da existência de um plano maior. No pior momento nos conhecemos, nos juntamos, trocamos os curativos das nossas feridas e nunca mais nos separamos. Acho que você é meu casamento mais bem-sucedido, ria!

Fomos embora para o mesmo lugar, seguimos vidas diferentes embora com os mesmos  objetivos. A gente sempre quis a mesma coisa e acho que por isso tanta afinidade
A saudade não cabe no peito, minha leoa, preciso mais das tuas palavras do que talvez jamais tenha precisado. A gente cresceu, não é mais adolescente embora, às vezes, a vida nos traga de volta às mesmas situações.
Não conheço ninguém com a metade da nossa força, da nossa coragem e da nossa vontade de dar certo.
Em alguns momentos, preciso lembrar que tem alguém parecida comigo a 800 km daqui pra não ficar tão deslocada
Não sei como serão os próximos quatro anos mas esse primeiro doeu na carne a falta das tuas palavras, do teu olhar que me enxerga como eu preciso me ver: capaz
Leoa, queria umas horas contigo pra refazer a minha força, a minha fé e a minha coragem, que sempre resgatamos quando juntas
Contento-me na espera relembrando Marthinha: “dois amigos assim ninguém tem, se tiver um, amém!” Então amém, e que as forças cósmicas me ajudem a sobreviver até o nosso reencontro.

De peito aberto — agosto 16, 2017

De peito aberto

tatuagem abaixo do peitoEra bom ficar só

Libertador e tinha muito de mim

Às vezes, era demais de mim, até

Um oceano inteiro de tudo o que sou

Eu em todos os cantos, no infinito espaço que posso ocupar e, creia, sempre fui espaçosa

Mas apesar de não ter barulho, tinha medo

E silêncio…  porque silêncio era tudo de que precisava naquele momento

Agora tem barulho. Tem gente. Tem tudo de que fugi uma vida toda.

Tem mãe, com todas as dores e delícias que isso possa representar

Tem adolescência de volta porém sem todas aquelas inseguranças

Tem amigos, risadas, fotos impublicáveis

Tem eu, toda segura, fazendo tudo o que temia

Sabe o carro manual? Tô dirigindo. E muito.

Perdendo a frescura, comendo cachorro-quente de rua e tomando até rum quente

Tem eu me reencontrando e aprendendo a lidar com pessoas

Teu eu aqui, em pé, de peito aberto, abraçando o que vier porque, de agora em diante, nada me derruba

Tem os boys (ah, os boys!), de um jeito que não desconcerta nem distrai, que passa, uma travessura sem importância

Não tem a sacada com o mar nem inúmeras garrafas de vinho chileno derrubadas em taças de cristal

Tem cerveja barata servida em copo de plástico em bar bem mais ou menos

e, surpreendentemente, “tá bom pacas”

Estou muito bem acompanhada

E feliz por nada

Tem eu aqui descobrindo que dá pra ser eu, inteira, tudo de mim, mesmo entre outros

Felicidade não é uma sorte, é escolha

E quando a escolhi, ficou fácil me levantar.

Bater a porta — maio 24, 2017

Bater a porta

coragemVocê pode tentar encontrar mil desculpas: os filhos, a casa, os bens, a sociedade na empresa… mas a verdade é que nada no mundo
pode nos prender a um relacionamento falido além da nossa própria falta de coragem.

Arrumar as malas, bater a porta, deixar alguém chorando e gritando para trás não é fácil entretanto será uma vez só; já a frustração de ficar, ao contrário, é diária e recorrente.

De tatuagens, marcas e reentrâncias — maio 1, 2017

De tatuagens, marcas e reentrâncias

Crônicas do Quotidiano

As minhas marcas, a partir de agora, escolho eu. Minha primeira tatuagem fará aniversário no mês que vem, junto comigo. Lembro que foram anos de argumentação para convencer a minha mãe a assinar a autorização [na época eu era menor de idade]. Meu melhor argumento, indubitavelmente, foi uma comparação entre as marcas de dentro e as de fora.

A gente carrega cicatrizes pela vida afora, alguém que descontou as frustrações em cima de você, outro que foi embora quando você mais precisava que ele ficasse, um namorado que te traiu, uma amizade que se desfez por bobagem, um laço que se rompeu, alguém que a vida [ou a morte] levou muito depressa e te faz falta todos os dias…

Então, quando se olha pra dentro, está tudo sulcado fundo, aparente, visível com clareza, muitas vezes, até os outros enxergam. Está lá a tua dor estampada, bordada em neon e não…

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Só me contentarei com o melhor — abril 19, 2017

Só me contentarei com o melhor

santeÉ necessário uma coragem descomunal para mudar, para sair da zona de conforto contudo é o único jeito de buscar a felicidade: movendo-se. Arrumar as malas, as caixas, colocar coisas fora, dirigir sem parar por horas a fio me exigiram uma força que não acreditava ainda ter. Mas tinha. E tenho mais.

E agora tem novas risadas, novas conversas, novas pessoas. Tem eu aqui, quase inteira, tem toneladas de livros para ler porque afinal, a publicitária decidiu virar juíza e para início de conversa, tinha que cursar Direito, cujas leituras de uma cadeira somam mais que o curso inteiro de Comunicação. Bom, eu precisava de entretenimento, e só me contentarei com melhor.

Não foi tragédia, foi livramento. Não me casar com você foi um presente, tive que me reinventar e creia, está sendo revelador.  Dolorido, por vezes, mas tenho evoluído mais em um ano que talvez na última década, você não entenderia.

Obrigada por reconhecer o quão pouco poderia agregar à minha jornada. Obrigada por enxergar o que eu não via. Tudo está no seu lugar. E não poderia estar melhor.

Santè!!!

Que bom seria se… — novembro 4, 2016
Climatização Lumertz

O seu lugar na Web sobre Ar-condicionado!

O Que Eu Quero Que Você Pense

Tem um Blog. Tem um Garoto. Tem o Blog do Garoto. E tem sempre uma inspiração.

Mineiro Lune: Poesias e Devaneios

A vida também é abstração! E para alimentar este fato, propõe-se uma viagem por onde seja mais fácil perder-se das amarras da realidade. Entre neste mundo paralelo e eleve o espírito para um espaço além do óbvio. "Tempus adest floridum" para todos!

PARAQUEDAS

Mentes Abertas

De Repente dá Certo

O mapa da sua imaginação